sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Imagem e semelhança

Se dizem que fui feito a Sua imagem e semelhança, deve ser pelo nosso grau de parentesco.
Sou filho, também irmão. Portanto, direitos iguais.
Não quero dialogar como um "herege", apenas contatar os fatores que nos remete a liberdade.
Qualquer má interpretação das Sagradas Escrituras causa um dano psicológico infundível. Já que era para ser uma Palavra de Libertação, se envolta a pequenez humana e o torna cárcere diante os fatores que não deveriam ser.
Por outro lado, se Ele, o Todo-Poderoso nos tornou a sua imagem e semelhança, é para que também pudéssemos sermos livres, sem os pesares subjugados livre-arbítrio, que nada mais é que uma forma de acorrentar-se aos "pecados".

"O que lavra a terra com dedicação tem mais mérito religioso do que poderia obter com mil orações sem fazer nada." (Zaratustra)

Assim, talvez se perca muito tempo buscando explicações das quais nunca teremos. É mais fácil classificar tudo como Mistério, o que de certa maneira é, mas nos tornamos mesquinhos para alguns Doutores, que querem coibir a nossa vontade de questionar o intocável.
Calma aí. Somos seres dotados de capacidade lógica. Querendo ou não, qualquer ser que respira, anda com duas pernas, e recebe o título, como dizia Friedrich Nietzsche de animal humano, tem como principio a tudo, questionar.
Tolo é aquele que aceita a tudo como se fosse um simples recipiente.

Padre Fábio de Melo disse em um de seus discursos, até que bastante plausível, que o homem não é um terreno baldio, onde as pessoas tem o direito de vir e jogar seus lixos. Claro, essa afirmação, ou nem tanto assim, era referido a situações de afetos, mas podemos também usufruí-las de um modo mais amplo. Como por exemplo nas escolas, onde a situação educacional chegou a um ponto desesperante. Onde o que no máximo nosso povo em fase de educandos mostra um desprezo profundo pelas instituições; ou em nossa saúde, onde o atendimento é superficial e toda a análise é feita de forma mecânica e para mim muito falha; e no ponto ao qual centramos o assunto: a fé. Muitos dizem que só ela basta. Que experimentar o sobrenatural, de forma a prevalecer o mistério é suficiente, mas que me desculpa. Se os então fiéis, não tem direito de questionar, de querer ter respostas um pouco mais concretas, eu começo a duvidar que aí tem alguma coisa.
Sabemos que o que move o mundo são os questionamentos. Nem sempre teremos todas as respostas do mundo, mas temos que ter de qualquer maneira, a liberdade de questionar.

"Eu declarei: vós sois deuses, todos vós sois filhos do Altíssimo." (Salmo 82, 6)

Se não nos engana a Sagrada Escritura. Se foi o próprio Senhor quem inspirou homens a escrever tão majestral obra metafórica. Creio eu que independente de crença todos somos seus filhos. Mais ainda, penso que num sentido bossal que ser um "deus", assim mesmo, na minúscularidade da obra, significa algo abaixo do Ser-Supremo, mas algo acima do que a realidade humana pode nos oferecer. Ou seja, ser um "deus" é ser alguém que se supera.

"O homem é uma corda esticada entre o animal e o super-homem, uma corda por cima do abismo, perigosa travessia. Perigoso caminhar, perigoso olhar para trás, perigoso parar e tremer. O que é de grande valor no homem é o fato de ser uma ponte e não um fim, o que se pode amar no homem é ele ser uma passagem e um acabamento." (Assim Falou Zaratustra - Friedrich Nietzsche)

É assim que funciona a coisa. Não aceitar menos que respostas sérias, palpáveis. Longe de qualquer moralidade, que é algo extremamente fora daquilo que então se seguiria a vida terrena.

Somos imagens e semelhança. Isso é o próprio Senhor que nos diz.
Ele nos escolheu como irmãos de Seu Filho, Jesus, o grande Super-Homem que existiu, ou que as crenças reproduziu.
Admiro-o hoje pelo fato de sua humanidade. Por conseguir colocar em prática, o que qualquer regra de boas maneiras nos pedem.
É claro, não precisa ser especial para ter convicções que para se viver bem, temos algumas regras de ouro. É como um manual de como se comportar a mesa, ou então, você se torna o prato principal.
O fato de Jesus ter "experimentado" uma vida igual a de todas as pessoas que eu conheci de verdade em minha vida, me aproxima de uma realidade além do que sobrenatualmente seria explicado.

 Jesus para mim, é o que Nietzsche sempre procurou.  O que toda a razão humano se mistificou. E que toda soberba transmutou para mitologia.
Talvez experimentar essa verdade mais real de quem foi Jesus. Não digo deixar de lado o seu lado "santo", mas tentar observar em sua humanidade, que dá para ser homem de bem. Capaz de encarar a realidade como um pressuposto a trabalhar (batalhar) por aquilo que se acredita. E ir atrás de cada sonho despedaçado dentro de cada um de nós.
O altar que deve celebrar a representação homem de Jesus, é aquela produzida com suor próprio.
Fica fácil tornar um sacrifício as custas dos outros.
Bordar com os retalhos que a vida nos coloca, onde faremos a refeição diária é contemplar o Jesus que outrora, independente de ser ou não real, foi capaz de provar que humanidade significa humanidade, não imbecilidade diante os fatos que querem que acreditamos.
Jesus aparece para mim, como um dos maiores pensadores, que por conseguinte, se torna o mais questionar de toda a humanidade.

A experiência é de cada um. Mas a vida é a mesma.
Não importa nome, classe social, raça e principalmente a que apelo religioso se segue.

Se compreenderá um pouco mais nossa existência, quando deixarmos partir de nós, o medo que nos foram colocados.
Pare para pensar, se livre-arbítrio assusta, nos remete as contas futuras a acertar, não é algo que nos incita a liberdade.


Essa música, para mim explica um pouco do que acredito ser a verdadeira face de Jesus, o irmão de carne e osso. A liberdade de fato nos acompanhará, a partir do dia em que decidirmos ser homens e mulheres de verdade.

2 comentários:

Simone Caminada disse...

Bom, Jesus para mim foi um espírito MUITO iluminado que veio a terra, mas teve sentimentos humanos e necessidades humanas.
Ele deve sim TODO o respeito por ter feito o bem que fez e ainda faz.

Eu sinceramente não acredito muito na bíblia.
Um livro "sagrado" que foi secreto durante a Idade Média não poderia ter sido mudado pelos padres inquisitores para colocar "medo" e forçar as pessoas a seguirem tal doutrina ?

Enfim...

Já estou te seguindo !
Peço por gentileza que passe em meu blog, comente e siga tbm.
Muito obrigada.
http://foralltimemj.blogspot.com/

izikita disse...

O estranho é que todos debatem sobre jesus, menos o cristão!