segunda-feira, 26 de julho de 2010

[a]Tração sacerdotal

Paixões proibidas são tão emocionantes. Ainda mais se vividas por aqueles que não podem, mas como já se sabe: quando um não quer, dois não fazem... e os dois burlaram as regras.
Longe do ato cristológico da coisa, quero anunciar, sacralizar. O sagrado e o fútil.
Recorro ao amigo mais próximo, ele recebeu o dever somente de me ouvir, dificilmente fala, se esquivou quando tentei fazer dele, o meu evangelho particular.
Lanço sobre esse terno amigo, meus atos insólitos e mesquinhos. Sua pouca vida, recebe um pouco de cor quando traço sobre ele, meus símbolos particulares e desenho a minha notória infâncibilidade.
Amigo, só tenho um desejo: encontrar debaixo das vestimentas, a pessoa que seduziu me pelo pouco que trajava por baixo. Aquele mesmo que me mostrou um outro céu, sem medos e sem reservas. Mostrou-me que o pecado era não cair em tentação.
Lanço aqui, sobre os meus dedos a terrível ilusão de não estar mais tão presente naquele corpo, branco e quente... despido. E tão longe daquele mesmo calor que me propunha numa longa noite de outono brasileiro.
Seu nome? Recuso a repetir, pois ressoa de uma forma vazia em minhas lembranças, mas o gosto daqueles longos e demorados beijos, se atualiza ao pensar que naquele dia, vivemos a tentação de fato em carne.
Mas afinal, quem será responsabilizado por isso?
De fato, caberá ao sagrado a maior parcela dessa culpa, pois foi dado a ele toda a consciência de pecado. Esse mesmo foi tão feroz e quente... amante.
O castigo também caíra sobre o pobre jovenzinho, tão fútil... Sábia que aquele que se dizia intocável, vestia sobre si a melhor fantasia de lobo-mal. Pobre rapaz, passeava pelos arredores travestido em pele-de-cordeiro.
O fato me deixou transtornado quando recordo-me que não era tão inocente assim, meus 19 anos...
Lobo-mal, o grande sagrado das utopicas histórias; jovem, tantos planos indecentes se passou pela sua cabeça. Parece que conseguiu o que queria. Eternizações que foram soltas quando os corpos se ataram num ritmo sexuado, em uma intensa noite de outono.

"E se amanhã não for nada disso, caberá só a mim esquecer; eu vou sobreviver..." (Apenas mais uma de amor - Lulu Santos)


Dedicado à: Anderson Morgado e Olimpio Monteiro

2 comentários:

Ferd disse...

Adorei o texto a forma de como vc coloca a figura do sagrado , o que ele impoe , o envolvimento , o desejo carnal , homossexualismo . Sei que o que importa é a fé e a crença de cada um...
Parabéns pelos textos *-*

Pequeno Príncipe disse...

Curti muito seu blog rapaz, é bom saber que pessoas ainda vibram pelo amor...

www.1pequenoprincipe.blogspot.com