quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Permita-se a solidão do tempo subversivo

Minha solidão não tem nada a ver com a presença ou ausência de pessoas... Detesto quem me rouba a solidão, sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia...” (Friedrich Nietzsche)

O homem contemporâneo sucumbiu-se num terrível lamaçal de afetos prodigiosamente imperfeitos e cheios de máculas subversivas, capaz de aceitar de qualquer pessoa, não menos que aforismos constituídos em regenerados sentimentos de pena.
A solidão, processo de desertificação é o medo de quem tem alguma pretensão em viver. As dependências, tornam o homem seguros fora de si e remete a entregar ao outro, toda a nossa incapacidade de sermos livres.
Acomodações fáceis e pessoas de plástico tem se tornado cada vez mais procurado na grande loteria de uma vida corriqueira e menos afetuosa, onde o que importa é estar envolvida. Não se tem mais o valor de um processo criativo. Não se inventa e nada se transforma. Tudo é aceito como prêmio, num promisso gesto de barganha.
Talvez, a grande culpa seja de um sistema massacrante onde temos que recorrer a qualquer ser que ande sobre duas pernas. Ou então, a nossa insuficiência de nós mesmos, que nos torna inseguros diante a uma resposta de que é necessário permanecer sozinho. Não somos pretensiosos quando a vida cobra de nós um minuto com ela. Não damos tempo ao nosso tempo. Sempre estamos preocupados com o que o outro pensa acerca de nós e transformamo-nos em marionetes das fantasias dos outros.
Precisamos voltar a quem eramos. Voltar a traz dos nossos sonhos. Recorrer em buscar as nossas matérias orgânicas e se afastar do erro que é estar sempre cercado de um mundo que não seja o nosso. Trabalhar com o que temos, para transformar o que somos e o que seremos.
Em volta a História da Humanidade, pessoas de carne e osso puderam experimentar de maneira não muito solitária a solidão, mas o que foi fundamental para alegar uma tal felicidade pressuposta de bem estar.
Se repararmos, podemos observar que os solitários de outrora não tiveram finais de contos de fadas, mas encontraram na solidão, uma metamorfose, uma metáfora, uma vida que de fato eram suas. Jesus de Nazaré, o homem subiu ao monte, foi tentado por seus medos, tornou-se um grande conselheiro a ponto de girar todo um mundo a torno de sua pessoa. Talvez o seu final não seja o desejado por pensamentos mesquinhos de hoje, mas foi salvífico para a sua própria história.
Talvez seguindo a esse fato, vem toda uma geração a exemplo dos Monges do Deserto e outros grandes espiritualistas que entregaram suas vidas em solidão, o que não nos dá uma certeza de felicidade, mas demonstra uma satisfação única, que só quem a experimentou pode dizer.
Outra grande cabeça de um mundo moderno foi Friedrich Nietzsche, que viveu de uma maneira controversa, mas que encontrou na solidão grande aliado para suas anedotas particulares e fantásticos ensinamentos para um mundo pós-moderno. O que o levou a morrer louco, mas intimamente ligado a ele mesmo e a seus valores, longe de qualquer moralismo e pretensões, que o diferencia de muitos, que era o sobrenatural.
O estar sozinho, não é estar abandonado. É algo que vai além, que só é possível quando temos a coragem de nos desafiar a deixar certas convicções para viver quem se é de verdade. O momento mais extasiante de qualquer encontro com as próprias misérias, é o que terminará com o que até aqui foi arrastado com a barriga, dando espaço a sensações e desprazeres contínuos, pois vivemos em inconstâncias não aceitas para a maquina chamada amizades de botequim.
Se de fatos defendemos sermos seres livres, devemos fazer com que isso aconteça. O que até agora foi dito por ditadores da consciência não está perto de ser digno nem de longe a verdadeira fórmula de um sucesso psíquico, físico, moral ou seja lá o que for. A supremacia de qualquer abandono, esse sim, tornará cada pensante um ser livre para viver o que de fato chamamos de vida.

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