sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Coisas pequenas de grandes desajustes

O medo de perder se igualará ao pressuposto temor da morte, velada ou escancarada, ou melhor dizendo, a fatalidade de deixar morrer. Terá que se enterrar, a si mesmo ou a outros, outas, aquilo, isso e seja lá o que for, tem que haver o desajuste da separação.

Valerá a velação, a prosa desconexa com um pingo de café preto, sufocados com a mórbida fumaça de um cigarro filtro longo. Tem que haver o arranjo floral de adentrar a alternativa de corpos se unindo a terra. E por falar em alternativas, falaremos de alternâncias.

Hora ou outra não se terá a obtenção do tempo que favoravelmente brisou com riscos nosso corpo, sofrido pela escolha do envelhecimento. A angústia será suprema, quando findarmos no verdadeiro contato entre o sagrado e o metafisico, desunidos pelo gosto amargo da discordância de querermos sermos maiores, estarmos por cima da carne podrificado em um gesto intitulável humano.

Não importará quem foi Deus, Khrisna ou Buda. Menos ainda os feitos de Ghandi, Dalai Lama, Trótski ou Chico Buarque em sua temerável pedra na Jeny. O texto solto se voltará contra cada um de maneira particular. As lacunas serão preenchidas por dizeres incoerentes, aptos de ilusão e metáforas.

Caberá aos jovens, todo o sabor de rebeldia não mais suprimidas por terapias psicossocializadas e aos velhos a poesia de um livro sabiamente relatados por retalhos da vida, mesmo que o contexto seja o mesmo, mas separados pelo julgamento irracional das coisas terrenas.

O tempo consumirá os afetos e esmagará os sonhos, transformando-os em corações sensivelmente antropológicos em questões de carne. Pedaço desconjunto expresso pela liberdade poética dos tempos e tempos. O que mais causará sofrimento, é a coisa simples dos encontros e despedidas. Perdões e culpas, serão encontros extintos de toda a dramaturgia talhada a sangue e suor. Juntas, no compasso da música que menos se gosta. Temperal e insolúvel.

O Rock voltará a se enterrar junto a suas raízes. Bossa nova tornará a ser a grande novidade e a cristificação voltará aos livros históricos para serem contados para simplesmente poupar o mundo de presunções ditatoriais. Findará mais uma vez o que foi capaz de mover as sociedades e seus deuses de embustes.

A verdadeira falsa paz colocará de fato os pés nessa querida terra de Santa Cruz e a não vida, os não comportamentos e as formalidades morais, caíram como que se profetizadas por anciãos de seus lá vinte e poucos anos.

O que salvará a contemporaneidade, serão os desafetos conosco mesmos, o que nos proporcionará um último êxtase particular. E tornaremos menos mortos a medida em que nos encaminharmos ao processo de cristalização.

Um comentário:

Renata Cundari disse...

o FATO é meu amigo, que nada salvará a humanidade e sua hipocresia.
em grandes parte os seres humanos são pessoas mesquinhas, hipócritas e covardes. e nós amigo? feliz ou infelizmente fomos escolhidos de forma diferente.
por mais que tentemos, sempre seremos diferentes. por mais que nos desgarremos sempre seremos escolhidos e digo mais, não somos desse mundo e nunca seremos, por mais que nos esforcemos para se enquadrar, aceitar enfim...
O ser humano irá se afundar na sua própria merda, essa que é a verdade.
E nós, na verdade, temos medo.
ao mesmo que somos diferentes, temos medo dessa diferença, mas não queremos a igualdade verdadeiramente, por mais que deixemos isso transparecer.

É estranho, mas a verdade que de algum modo nossa morada no céu já está lá, e mesmo distantes nada nos impedirá de chegar lá, nem mesmo nossa proópria carne, nossa própria humanidade e distancia. Ninguém, e sabe porqe? Porque ELE não nos esqueceu.


por hoje é só, quem sabe eu volte cedo ou não volte mais...

um beijo meu amigo, e espero ter contribuuido.